Quanto vale sua consulta, Dr.?
“Hoje em dia conhecemos o preço de tudo e o valor de
nada.” Oscar Wilde 1854-1900
Mês passado terminamos o artigo perguntando se os médicos no
Brasil estão preparados para a ascensão social dos brasileiros. Lembramos a
pesquisa do IPEA, que 40% das pessoas que agora podem pagar, querem ser
atendidas rapidamente, apenas 16% querem escolher um determinado médico.
Estas pessoas estão viajando de avião, comprando carros zero,
casas, e também querem ir a um médico particular. Hoje, mais de metade das
consultas particulares são pagas por pessoas que não tem plano de saúde, mas
que são de classes sociais que nunca puderam pagar um médico. E aí surge a
pergunta: Quanto vale a sua consulta, Dr.?
Uma pesquisa do Businessweek mostra que a consulta médica em
diversos países não é tão cara assim. No Canadá, França e Holanda está entre
30 e 32 dólares. Na Alemanha 22 e na Espanha 15 dólares. Apenas nos Estados
Unidos é que a consulta é cara, variando de 59 a 151 dólares. O Medicare,
nos EUA, (plano de saúde) paga 72 dólares.

Uma consulta médica com um super especialista na cidade de
São Paulo custa de 800 a 1.000 reais, ou seja 5 x mais que uma consulta nos
EUA. Este preço é justo? Está certo que o BigMac mais caro do mundo é o do
Brasil, e que um Honda Civic nos EUA custa 1/3 do que custa no Brasil, mas a
pergunta continua a ser feita.
Um colega
endereçou uma mensagem para a APM elogiando meu artigo anterior e propondo
que os médicos deixem de atender consultas por planos de saúde e cobrem
perto de 80,00 reais por uma consulta. A ponderação é válida e interessante.
Aliás, é o que a APM e as entidades médicas estão pedindo aos planos de
saúde.
[Opinião
do Leitor - Contra-senso Dr. Ed Braga]
Portanto, uma reflexão. Você está preparado para atender este
novo segmento de pacientes? Sua consulta pode ser paga por eles? E os
exames, onde farão? (Uma iniciativa interessante do Laboratório e CDI da
Unimed divulgada recentemente oferece preços de “tabela” para exames de
laboratório e imagem) E internação?
Outra coisa, estes brasileiros precisam de maior
resolubilidade nas consultas. Não se pode ficar apenas na especialidade, é
necessário também ser um pouco clínico geral. Não dá para dizer “vou te
encaminhar para um colega”.
Mas a pergunta mais crucial é: Você tem tempo no seu
consultório abarrotado de pacientes de planos de saúde para atender
pacientes particulares? Lembre-se, eles querem rapidez para ser atendidos e
não, especificamente, escolher você.
A resposta é sua colega.
Dr. Sérgio dos Passos Ramos
Vice-presidente da APM Regional São José dos Campos
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