sexta-feira, 2 de agosto de 2013

AS CRÔNICAS DE PAULO PIRES

Paulo Pires: Rua da Avenida, breve história com pessoas

Paulo Pires é professor universitário
Paulo Pires é professor universitário
Vitória da Conquista é um lugar chegado a pleonasmos. Começa pelo nome da cidade. Adoramos subir prá cima, entrar prá dentro e falar do protagonista principal. A cidade tem uma vitória dentro da conquista (ou vice versa).
Até a década de 1970, tínhamos um logradouro público no centro da cidade ao qual demos o nome de Rua da Avenida. Peraí, você não entendeu? Sim, o nome da via pública era esse mesmo que você leu: Rua da Avenida. Algo equivalente a Travessa do Beco ou Largo da Praça.
Os cidadãos mencionavam o nome do logradouro com o maior orgulho. Em nosso falar havia uma deliciosa ênfase ingênua. O pessoal de fora devia achar o máximo uma cidade ter um logradouro com o nome de Rua da Avenida.
E onde hoje está este logradouro? Continua lá, abarrotado de gente. Hoje muito conhecido pelo nome de Terminal Lauro de Freitas. Sim ali na Avenida Lauro de Freitas. E quem foi Lauro de Freitas dentro da História de Conquista?
Dentro de nossa História, objetivamente, esse senhor não foi um grande personagem. Mas dentro da história da Bahia teve lá seu lugar, tanto que hoje dá nome a um dos municípios mais destacados do Estado.
Lauro de Freitas foi um engenheiro de grande projeção, tornando-se deputado federal em 1945 pelo PSD com atuação que lhe credenciou a ser candidato a governador em 1950. À época contava com 49 anos. Mas veio o infortúnio e nosso personagem faleceu em acidente aéreo às margens do Rio São Francisco, tendo como companheiro de desventura o deputado Gercino Coelho, pai do futuro e ex-governador da Bahia, senhor Nilo Coelho.
Hoje a cidade de Vitória da Conquista rende homenagem ao senhor Lauro de Freitas e, por coincidência, colocou o nome da famosa avenida ligando-a a outro logradouro, Travessa Adriano Bernardes, que era também engenheiro e amigo de Lauro. Adriano Bernardes era genro de Dona Tazinha e, dentre outros, cunhado da nobre conquistense Aydil Fernandes Santos Silva, neta de dona Henriqueta Prates.
Haja história prá contar. Mas quem conheceu a Rua da Avenida em épocas passadas, nunca pensou que essa via ficaria tão agitada, tão movimentada. É carro, ônibus, galiota, bicicleta, carroça, boteco, loja de roupa, galerias, cachaceiros, malucos, vendedora de acarajé, asfalto quente, camelôs, vendedores de bugigangas, pasteis, cocadas, ladrão, polícia, tem de tudo.
Hoje, totalmente despreocupada dos lugares por onde anda a maioria das pessoas não está nem aí para a história. Só uns poucos ainda se lembram como era esse logradouro e que ela chamava-se outrora Rua da Avenida. Quem não se esquece da História envia para os familiares de Lauro de Freitas, Henriqueta Prates, Adriano Bernardes, Aydil Fernandes Santos Silva, todos os Conquistenses e os que aqui moram um Feliz Ano de 2013. Viva nossa História e nossa Vitória da Conquista.

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