sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O SENHOR É MÉDICO OU É FORMADO EM MEDICINA?

Ser Médico e ser Formado em Medicina

José de Castro Coimbra

Estive no dia 5 de Novembro na comemoração dos 200 Anos da Faculdade de Medicina da UFRJ- Rio de janeiro , que no meu tempo chamava-se Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil.

A festa foi muito bonita, mas vou tomar como foco a fala do Prof. Emérito Clementino Fraga Filho, que abordou a diferença que existe entre ser Médico e ser formado em medicina. O Prof. Clementino lecionou para algumas gerações de médicos, e hoje, aos 91 anos, continua clinicando, escrevendo livros de medicina, participando das reuniões do colegiado de professores. Pertence à geração da medicina romântica, quando praticamente existiam duas “classes de clientes”: os indigentes e os particulares.

Nessa geração a relação médico paciente era muito forte. O médico tinha prestígio e o exame clínico minucioso era indispensável, os exames complementares complementavam pouco. O desenvolvimento da tecnologia na opinião de alguns diminuiu a necessidade de ouvir o paciente, de examiná-lo, de tentar ler nas entrelinhas o que ele não conta na anamnese. Ele termina sua fala pedindo a cada um, especialmente aos jovens médicos, que reflitam bastante e se lembrem de que “a pressa é inimiga da perfeição”, e de que, “se a medicina não é toda bondade, pouco vale dela separada”.

Voltando a um passado mais distante, vale lembrar que Hipócrates já nos advertia: “alguns pacientes recuperam a saúde através de sua satisfação com a bondade do médico”.

Infelizmente o médico vem sendo desidratado lentamente. Perde o prestígio, perde a remuneração, perde a oportunidade de ser um profissional liberal. Na década de 70 já discutíamos a conveniência ou não de ter o médico apenas um emprego, bem remunerado, ou dividir-se em vários empregos com salários aviltantes. Não chegamos a consenso e a discussão morreu de inanição, já que as reuniões não conseguiram reunir número suficiente nem para discutir, quanto mais para decidir. O tempo passou, a situação do médico se agravou.

Cabe aos nossos dirigentes a difícil tarefa de unir a Classe em torno dos legítimos interesses da categoria e da população.

José de Castro Coimbra é médico

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