Fotos: Juliana Almirante / Bahia Notícias
Investidores da Telexfree e de outras instituições de
"marketing multinível" criaram uma associação sediada na Bahia para
resgatar os bens bloqueados pela Justiça após acusações de suposto crime
financeiro por parte das empresas. O Ministério Público investiga se as
entidades praticam esquema de pirâmide financeira, que depende do
recrutamento progressivo de pessoas a níveis insustentáveis. “Estamos
lutando juntos para que, pelo menos, os investidores que puseram
dinheiro na empresa continuem recebendo o que investiram. Podem até
bloquear novos cadastros, mas que pelo menos mantenham os que estavam
ativos”, considerou o presidente da intitulada Associação de Proteção
aos Investidores de Multinível (Apim), Felipe Senna, ao Bahia Notícias.
No dia 12 de agosto, uma comitiva de quatro advogados contratados pela
associação irá ao Acre, onde corre o processo contra a Telexfree, para
tentar intervir. “As pessoas que são investidoras podem ingressar no
processo como terceiros para acompanhar de perto. Inicialmente não vamos
brigar com as empresas. Vamos trabalhar lado a lado para derrubar a
liminar. Caso seja decretada a falência delas, a associação, através de
seus advogados, muda o foco para que se tenha ressarcimento das
pessoas”, afirmou um dos defensores da Apim, Rogério Mattos. Segundo
ele, como há segredo de Justiça no caso, os investidores não sabem o que
realmente acontece nos bastidores da ação. “Só sabemos o que os
advogados da Telexfree estão divulgando”, apontou.
Rogério Mattos irá ao Acre para tentar intervir no processo | Foto: Reprodução
Para um dos conselheiros da Apim, Bruno Bittar, há um
“preconceito” em relação ao “marketing multinível” que, segundo ele,
“como em qualquer empresa precisa de sustentabilidade”. “Existem pessoas
debaixo de nossa rede que ganham mais do que a gente. Se fosse
pirâmide, quem estava no topo ganhava mais. Se eu convidar você [para a
Telexfree], você pode ganhar mais dinheiro do que eu, só é aplicar força
de trabalho”, avaliou. Bittar diz que os problemas que ocorreram com a
Telexfree, a BBom e outras empresas similares “foi muito culpa dos
divulgadores”. “Muita gente da classe C ou D botava dinheiro em cima da
mesa ou cama e tirava fotos para ostentar. Já é determinação que não
ostentem dinheiro ou outros bens, mas sim qualidade de vida”, pregou.
Segundo Rogério Mattos, a quantia bloqueada pela Justiça que
deve ser devolvida aos investidores para mover a ação “não dá para pagar
nem 10% das pessoas” e, para ele, haverá prioridade para quem estiver
na Apim. “Quando houver a devolução, a sentença vai ser genérica. A
pessoa terá que constituir advogado para executar a sentença. Ao
contrário de você intervir [no processo], porque vai ser
individualizado, com procuração”, divulgou. Mattos diz que, “na pior das
hipóteses”, no dia 12, os associados “terão uma luz”. “Para o bem ou
para o mal”, pontuou.
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