Empresa, com 1 milhão de associados, está com as atividades suspensas há 55 dias

Divulgadores protestam contra bloqueio da Telexfree na Avenida Paulista (SP), em 5 de agosto
Acusada de ser a maior pirâmide financeira do País, a Telexfree
seguirá bloqueada pela Justiça por tempo indeterminado. Seus cerca de 1
mihão de associados, assim, continuam impedidos de receber o dinheiro
que investiram no negócio e os vultuosos lucros prometidos.
Em julgamento terminado há pouco no Acre, a
empresa sofreu um novo revés na tentativa de derrubar a liminar (decisão
temporária) que congelou suas contas e atividades, há 55 dias, a pedido
do Ministério Público do Acre (MP-AC). A decisão desta segunda-feira
(12) é a décima derrota da Telexfree no processo, se contabilizada a
liminar.
Os desembargadores Samoel Evangelista, Waldirene Cordeiro
e Regina Ferrari, da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Acre
(TJ-AC), recusaram pela segunda vez um recurso apresentado pela defesa
na tentativa de derrubar o bloqueio. Eles já haviam negado um pedido anterior em 8 de julho
(veja cronologia abaixo). A decisão foi unânime – ninguém votou a favor da empresa.Segundo o desembargador Evangelista, os associados (chamados de divulgadores) da Telexfree lucram sobretudo com o recrutamento de mais pessoas para o negócio, e não com a venda pacotes de telefonia VoIP ou a colocação de anúncios na internet, como alega a propaganda da empresa. Por isso, o esquema é uma pirâmide financeira.
'A lógica apontava para a derrota'
A defesa da Telexfree ainda vai apresentar novos recursos ao próprio TJ-AC antes de tentar levar o caso para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), diz Wilson Furtado Roberto, um dos advogados da empresa. Ele nega irregularidades nos negócios.
“[ A Telexfree ] não é pirâmide. Há só indícios, mas não há prova nenhuma”, disse Roberto na sexta-feira (9).
Para Horst Fuchs, outro advogado da Telexfree, a nova derrota era previsível uma vez que o caso da Telexfree não estaria, do seu ponto de vista, sendo tratado de acordo com as regras jurídicas.
"Não teria como os desembargadores concordarem com uma decisão desse porte [ a liminar ]. Mas, como [ o caso ] escapa à esfera jurídica, a lógica apontava para isso [ negativa do recurso ]", diz o advogado ao iG logo após a decisão.
Fuchs nega que a nova derrota possa colocar em risco o dinheiro devido aos divulgadores.
"O tempo [ de bloqueio ] não modifica em nada a situação deles. [ O dinheiro da empresa ] está íntegro do mesmo modo como estava em 18 de junho. A integridade e a solidez é a mesma."
Além da liminar, a Telexfree enfrenta ainda uma ação civil pública movida pelo MP-AC, em que o órgão pede a extinção da empresa e a devolução das verbas captadas dos associados, chamados de revendedores. Os donos da empresa também respodem a dois inquéritos criminais .
Bloqueio para devolução

Trecho da ação civil pública do Ministério Público do Acre (MP-AC) sobre a Telexfree
A Telexfree informa comercializar pacotes de telefonia VoIP por meio de marketing multinível
– modelo de varejo em que revendedores associados são premiados por trazer mais revendedores para o negócio.
Para o Ministério Público do Acre (MP-AC),
porém, a empresa é uma pirâmide financeira, pois o faturamento depende
sobretudo das taxas de adesão pagas pelos associados (os divulgadores) e
não da venda de pacotes VoIP.
Com esse argumento, os promotores pediram à
Justiça que impedisse a entrada de novos membros na rede Telexfree, bem
como o bloqueio das contas da empresa e dos sócios Carlos Wanzeler,
James Merryl, Carlos Costa e Lyvia Wanzeler.
A justificativa do MP-AC é garantir que os divulgadores
possam receber de volta o dinheiro investido na empresa, como pedido na
ação civil pública. A liminar foi concedida no dia 18 de junho e, no dia
seguinte, os sócios da empresa tentaram transferir R$ 101 milhões para as contas de outras duas empresas ligadas ao grupo
. O advogado da empresa, Horst Fuchs, diz que a operação era legal e serviria para pagar fornecedores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário